Ideal ou Real?






IDEAL OU REAL?


Introdução

O mundo ideal, a vida ideal, o casamento ideal, o emprego ideal, a igreja ideal, o pastor/a ideal... É um sonho e/ou uma utopia? É possível ter? Estou inclinado a crer que não, mas esta “Disneylândia” criada por muitos pode ser mais danosa do que benéfica. A fábula da Alice no país das maravilhas tem sido uma verdade na vida de várias pessoas, pois as mesmas se dão conta de que o mundo real é perverso e doloroso, por isso talvez o interesse de alguns em migrarem para um universo que aparentemente promova tais fantasias. Não tenho o interesse de “demonizar” este tipo de comportamento, pois em alguns momentos nos parece acalentador, no entanto precisamos perceber que o ideal inibe o crescimento e atrapalha no processo de maturação da vida.

A verdade do mundo real

  O evangelho apresentado por Jesus quebra paradigmas e revela a verdade de Deus a todos e todas. Em João 16. 33 o Mestre afirma categoricamente a veracidade do mundo real, quando o mesmo declara: “...no mundo tereis aflições...”, esta palavra evidencia a verdade que permeia este universo, tangível, concreto. Isto significa que a vida promove circunstâncias que atingem o ser humano, independente de suas crenças ou ideologias. Contudo aqueles que se entregam a Cristo terão paz em meio às tribulações e saberão que não estarão sós nestes dias maus.

“...e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. Mateus 28. 20b.

Partindo deste pressuposto, será que também criamos uma igreja ideal? A igreja do primeiro século, dirigida pelos apóstolos viviam este tipo de idealização da fé? É possível que não.

A verdade da igreja de Atos

No livro de Atos, muitos fatos registrados por Lucas a Teófilo (At. 1. 1) prova que a comunidade vivia conflitos constantes, no entanto estavam dispostos aos ajustes e alinhamentos necessários. Os problemas existiam, justamente porque a igreja era composta por pessoas feitas da “mesma matéria”, ou seja, limitadas por natureza. Isto prova que a igreja não estabeleceu um universo perfeito (ideal), mas buscavam o aperfeiçoamento de forma contínua (Ef. 4. 12) e isto lhes era comum. Na instituição diaconal (At. 6. 1. 7), temos um exemplo que corrobore com esta afirmativa. No primeiro verso deixa claro o crescimento da comunidade, mas nos versos seguintes revelam os conflitos existentes na mesma, pois as viúvas não estavam sendo assistidas de forma igualitária. As Hebreias se beneficiavam na distribuição diária de alimentos em detrimento das viúvas gregas (At. 6. 1b), isto prova que havia atitudes que são reflexos desta humanidade em aperfeiçoamento, contudo os mesmos (mediante o ocorrido) chamaram os apóstolos no intuito de buscarem solução para o problema. Ao analisar o texto se vê os ajustes sendo feitos e a comunidade continuava em constante crescimento (At. 6. 7).

Outro ponto importante a ser observado são as epístolas de Paulo as igrejas que ele constituiu. Corinto é um exemplo de uma comunidade repleta de necessidades de reparação, pois a mesma tinha um sentimento faccioso, ou seja, quatro grupos distintos brigando por suas “verdades”, no entanto, Paulo exorta-os nesta questão (I Co. 1. 10-12), além de outras situações que ocorriam nesta igreja. Mas o apóstolo nunca cansava de falar sobre a importância da unidade em meio à pluralidade.

“Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor”. 1 Co. 1. 9.

Conclusão

A criação de uma igreja ideal num mundo real é desonesto, pois nem mesmo as escrituras omitiram a verdadeira natureza da igreja de Cristo, no entanto as orientações para a procura deste aprimoramento são claras e constantes na boca de nosso Senhor Jesus Cristo e na vidas daqueles que deram seguimento ao legado deixado por Ele. A igreja ideal se realizará na eternidade com Cristo, mas enquanto isto não ocorrer, estejamos disponíveis para este aperfeiçoamento.

Lembre – se: Não podemos esperar dos outros, o que nós não somos capazes de oferecer, mas estejamos em busca mútua para este “polimento” na unidade.

“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles. Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um”. At. 4. 32-35.

Pr. Rafael Bernardo



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